Empatia é uma via de mão dupla

A gente fala muito sobre a falta de empatia dos profissionais da saúde com os pacientes, a falta de olho no olho, de atenção. Certamente você também já teve a experiência de ir em um profissional e ele nem olhar para você, não querer entender sua história, suas reais necessidades, e te passar uma receita rápida que vai resolver sua queixa principal. No caso da nutrição, o famoso “cardápio de gaveta”.

A gente sabe que a realidade de convênio médico é complicada. O convênio paga muito pouco para o profissional, que por mais capacitado que seja, se vê obrigado a fazer consultas ultrarrápidas, para conseguir receber no final do mês um valor que supra suas necessidades.

Infelizmente, com o passar dos anos nessa rotina cruel, o profissional vai ficando meio no automático e, muitas vezes, começa a se dessensibilizar no processo do cuidado.

Pois bem, esse é o principal motivo pelo qual eu optei por não atender convênios. Hoje eu faço somente consultas particulares, que têm duração de 1 hora a 1 hora e meia, com olho no olho, diálogo e com a tentativa real de “vestir a sandália” do meu paciente.

Eu quero mesmo conhecer quem é essa pessoa, como ela vive e pensa, quais são as dores dela, no sentido mais profundo. Muitas vezes (se não todas), uma falha na alimentação está mais relacionada a questões enraizadas, do que de fato com a alimentação.

Uma de minhas mentoras, Márcia Daskal, diz que o paciente chega no consultório querendo mudar a alimentação, e termina mudando de emprego. Porque é isso. A alimentação é apenas a ponta do iceberg.

Mas, para esse trabalho individualizado, existe um profissional humano também. Que assim como você tem limites, dificuldades, que também não consegue dar conta de tudo, que também precisa de tempo para cuidar da própria alimentação.

E, com isso, eu não consigo abrir muitos horários de atendimento. Hoje eu atendo no consultório duas vezes por semana, cerca de 40 a 50 pacientes no mês. A lista de espera é de 2 a 3 meses.

Mas nutri, por que você não abre mais horários? Mais dias? Não dá para encaixar só mais um?

Eu sei o quanto isso é um saco para quem está precisando de uma consulta com mais urgência. Mas esse é o meu limite físico de trocas. Porque eu preciso ter tempo para estudar, para cuidar da minha casa, da minha família, para preparar as minhas aulas do curso em que sou docente, para montar um material ou outro novo do consultório, para estudar os casos dos pacientes.

Aqui deste lado há um ser humano e não uma máquina de atendimento. Eu gostaria muito de dar conta de todos, de zerar a lista de espera, de ajudar a resolver todas as necessidades de todos que me procuram no momento em que me procuram.

Por isso o título dessa newsletter: empatia é uma via de mão de dupla.

Assim como eu procuro entender as suas necessidades, eu peço de coração que você entenda as minhas. Eu preciso estar bem para atender bem. Eu preciso de tempo para mim, para dar tempo a você. Eu preciso comer bem para te incentivar a comer bem. Eu preciso olhar para dentro para motivar você a olhar para dentro. Eu preciso me respeitar, para te inspirar a se respeitar.

Nesse sentido, eu agradeço a todos os que me procuram e têm paciência de esperar, que entendem essa limitação, e que respeitam os outros pacientes que estão à frente na fila. Porque o problema do outro também precisa ser olhado com empatia.

Talvez a empatia seja uma bela rotatória, e não apenas uma via de mão dupla: “Quando eu vejo que a fila de espera está grande, eu compreendo que todos estamos buscando juntos uma evolução. Eu percebo que o vegetarianismo/veganismo está ampliando, e que a causa animal está se fortalecendo. Eu respeito o outro ser humano que está nesse processo tanto quanto eu respeito os animais não-humanos que eu defendo”.

Além disso, eu, Natália, sigo exercitando uma vibração de conexão e abundância: quem se conecta com o meu trabalho, com a minha essência, compreende e respeita esse tempo, e aguarda sua vez de se conectar pessoalmente comigo no meu consultório. Quem não se conectar, ou quem não puder aguardar, ou quem não achar que isso tudo faz sentido, procura outro profissional. E tudo bem!

Eu creio verdadeiramente que “tem para todo mundo” e cada pessoa vai se conectar exatamente com quem precisa se conectar. Dessa forma, co-criamos todos juntos em prol da nossa saúde física, mental, espiritual e coletiva, e da vida digna dos animais que tanto amamos.

Se você leu até aqui, sinta-se à vontade para me escrever, dialogar comigo e me contar o que você pensa a respeito disso tudo!

Um beijo grande.

Seguimos!

Natália Utikava
Nutricionista
CRN/SP 40.387
nat.utikava@gmail.com

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