Nutrição vegetariana com afeto

Se você tem me acompanhado no primeiro e segundo posts, deve ter notado uma coisa comum a ambas: a ideia é ser inclusiva.

Eu quero que você goste do meu conteúdo e dialogue com ele independente da sua opção alimentar. Quero que ele faça sentido para você, que produza reflexão, e não que te afaste por ter sido técnico demais, ou porque só se aplica a vegetarianos e veganos.

Quem me conhece pessoalmente sabe que esse é o meu jeito de escrever, mas principalmente, esse é o meu jeito de viver.

Eu sou daquelas pessoas que vai sim no churrasco da família e leva uma travessona de algum prato vegano. Não para mim, mas para todos. Em poucos minutos o prato é devorado e, pelo menos, metade das pessoas está ao meu redor pedindo a receita. Penso que é assim que deve ser… divertido e afetuoso. A nossa escolha tem que servir para atrair pessoas, para espalhar sementinhas por aí, e não para nos isolar.

Seguir uma alimentação vegetariana ou vegana é uma escolha pessoal e não uma imposição. Cada um tem seu processo, seu tempo, seus limites. Tem pessoas que se tornam vegetarianas ou veganas aos poucos. Outras, eliminam todos os produtos de origem animal de uma só vez. E tem uma grande maioria (inclusive que assinam essa newsletter) de “simpatizantes” (ou flexitarianos), que reduzem o consumo naturalmente, mas que não querem se prender ao nome vegetarianismo ou à ideia de que nunca mais comerão esse ou aquele alimento.

Eu não sei o que funciona para você, mas está tudo bem, dos três jeitos. Mesmo! Sobre isso, recomendo a brilhante palestra “Week day vegetarian” do Graham Hill para o TED, fundador do site TreeHugger (é curtinha e tem legenda para o português, quando puder veja lá!).

Seja qual for sua motivação e, muitas vezes, há mais de uma, a base é sempre o amor… ou, como o título dessa carta diz… o afeto, aquele imenso sentimento de carinho que envolve algo ou alguém.

> Se você está se tornando vegetariano para ter mais saúde, a afetividade está no seu amor próprio, no autocuidado.

> Se é por respeito e pelo bem estar dos animais, há um sentimento de compaixão e amor por esses seres.

> Se for por questões religiosas, a base de qualquer crença é sempre emanar amor, expressar afeto.

> Se você se preocupa com os aspectos ambientais da produção e do consumo de animais, você tem zelo pelo planeta e pelas futuras gerações que habitarão aqui.

Por isso, de nada adianta uma escolha alimentar centrada no afeto, se não houver uma nutrição que não seja amorosa, que não seja afetiva.

Por que eu falo isso?

Porque enquanto nutricionista, frequentemente recebo no consultório pessoas que já passaram por muitos outros profissionais, pelos mais diversos tipos de dietas, regimes e condutas, e que estão cansadas de tentar seguir regras. Comumente sentem-se frustradas, porque nada “deu certo”, ou até “seguiram o cardápio” por algum tempo, mas depois ficou monótono demais.

E nesse contexto, quando eu publico, por exemplo, como deve ser a montagem do prato vegetariano, ou quando eu falar sobre algum assunto um pouco mais focado em nutrientes que requerem maior atenção dos vegetarianos e veganos, gostaria que ficasse muito claro que isso não é mais uma regra pra você seguir, diante de todas as outras que já te obrigaram em algum momento da vida.

São sugestões para facilitar a escolha dos alimentos, para o dia-a-dia, mas que se um dia você quiser fazer diferente, e comer um prato único de risoto de palmito, por exemplo, ou aquele purezinho de batata que sua avó preparou especialmente pra você que não está comendo carne, está tudo bem também!

Mas Natália, e as proteínas? E o ferro? E o cálcio?

Ok, não tem todos os nutrientes que seriam importantes, mas é só um dia, é eventual, você sobrevive. Garanto!

Nossa relação com a comida já está desgastada demais diante de tanta publicidade, de tantas regras, de contagem de calorias, low carb e gluten free. Vale aqui aquela máxima do “mais amor, por favor”.

E não sou só eu quem está dizendo isso, viu? Indico também a leitura da Revista Vida Simples de dezembro/2016 (edição 178), com a fantástica entrevista Nutrição Amorosa da Márcia Daskal, e o vídeo dela no canal Eu Vejo.

Os aspectos bioquímicos, fisiológicos e dietoterápicos da nutrição são fundamentais. E saber como montar um prato vegetariano sob o ponto de vista dos alimentos e nutrientes envolvidos, é excelente. Mas digamos que o afeto é a liga. Sem ele, tudo isso não passa de um conjunto de regras avulsas.

Desejo que o seu prato de hoje seja contenha afeto ♥

Até breve!

Natália Utikava
Nutricionista
CRN/SP 40.387


P.S.: Esse post é meramente informativo e não substitui o atendimento nutricional individualizado. Dependendo da fase da vida, ou de alguma condição clínica particular são necessários alguns ajustes, e mesmo suplementação, que somente um profissional especializado poderá orientar. Se você deseja adequar sua alimentação conforme sua rotina, fase da vida e necessidades, entre em contato para agendar uma consulta.